Monday, April 11, 2005

Collies

Ontem à noite, cruzei-me com um collie. Que digo eu, claro que não me cruzei com um collie, cruzei-ma com uma collie. Como toda a gente sabe, desde a Lassie, não há collies machos. Só fêmeas (a forma como se reproduzem e continuam a aparecer cachorros collie continua a ser um mistério para todos nós, apesar da inseminação artificial de algum antepassado remoto oferecer uma explicação cabal para muitos de nós - o que também explicaria porque são as collie todas iguais!!!).

Sempre que uma pessoa vê alguém a passear um collie, a primeira pergunta é como é que ELA se chama. E ficaremos muito surpreendidos se acaso ela não se chamar Lassie ("Que pessoa estranha, não chamou Lassie ao cão - e ainda por cima é um collie").

Admitamos! É extraordinário como a televisão se mostra capaz de influenciar os nossos comportamentos., de uma forma duradoura. Uma série que passou há mais de 40 anos, continua a determinar a forma como vemos toda uma raça de cães. E isto acaba por ser apenas um exemplo óbvio. Se repararmos bem, hoje vestimo-nos de uma forma universal. Onde quer que nós vamos no Mundo, os padrões de vestuário são idênticos - os omnipresentes jeans, fato ocidental, calças femininas, saias, ténis, sapatos... Em apenas duas gerações, quase suprimimos completamente os vestuários regionais - hoje vistos pelas próprias populações de que são originários como algo folclórico e foleiro (nem é preciso irmos aos índios da Amazónia, basta pensar na perdida diversidade do vestuário típico português - o quê, pensavam que também não existia?)

A realidade é que, a televisão é capaz de veicular o pensamento e a forma de estar da população que a produz (séries, documentários, serviços noticiosos,…) e de torná-los dominantes num curto espaço de tempo, através de fenómenos de mimetização social. No fundo, como nos entra pelo nosso cérebro adentro uma determinada forma de pensar, de agir, de nos comportarmos, rapidamente assimilamos essa como a forma como devemos estar em sociedade, adoptando-a como a nossa. E este fenómeno é exponenciado por um grande número de indivíduos (a maioria) adoptar intrinsecamente esses mesmos comportamentos exactamente da mesma forma que nós, tornando-o o padrão dominante.

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