Dietas
E de repente, como saídos da escuridão mais profunda, eles aparecem. Pequeninos. Vestidos de papel prateado de diversas cores. Num ápice, dobram a esquina sem parar, silenciosamente, apenas com os seus risos maléficos abafados, perseguindo a sua presa, cheirando o seu rasto. Desaparecem tão depressa quanto apareceram, deixando apenas um rasto adocicado no seu encalço.
De súbito, um grito feminino lancinante percorre a noite. Um grito de puro terror! Os chocolatinhos tinham-na finalmente apanhado – e estavam agora a ser devorados com risinhos de prazer maléficos.
A rapariga volta a dobrar a esquina escura, agora em sentido contrário, cansada, exausta, ofegante, os caracóis loiros recortando-se na escuridão e refulgindo sob a luz fraca de um candeeiro esquecido, o rosto lambuzado de chocolate, os lábios castanhos de bombons, um olhar misto entre o deleite do prazer, a culpa de um pecado e a fúria de ter sido apanhada. E, virando-nos as costas, entre a noite escura que agora a envolvia, ouvimos o seu grito de fúria. “Maldição! Porque é que os chocolates me perseguem!”
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