A melhor amiga dos camionistas

Antigamente, a vida dos camionistas era extremamente solitária. Horas e horas ao volante, sózinho na estrada, a ouvir sempre as mesmas músicas e piadolas na rádio, em terras próximas e distantes. Sem ninguém como companhia, para além das ocasionais conversas com companheiros de profissão ao fim da noite numa estação de serviço, ou alguns minutos de companhia carnal paga sem o mínimo de emoção.

Mas, depois, surgiu o GPS! E, melhor que tudo, o GPS em que se pode configurar a voz que nos transmite as indicações! Acabaram-se as longas e cansativas viagens solitárias! Agora, cada cruzamento, cada rotunda é antecedida de um excitante "A 200 metros, vire à direita" dito por uma elegante e companheira voz feminina! E que só se cala se, fartos de a ouvir, a mandarmos calar. É a loucura!

Imagino que a partir de certa altura, qualquer camionista, por mais mentalmente estável e másculo que seja, comece a conversar com o seu gps, dê-lhes um nome feminino ("Gertrudes", "Gisela" ou "Gwendolin" devem estar no topo das preferências), que lhe vai respondendo com elucidativos "A 1800 metros, radar de velocidade". Começam a levá-la com eles para as áreas de serviço, pagam-lhes o jantar ("Então querida, não queres comer nada?") e, se tiverem sorte,
pode ser que ainda acordem juntos na mesma cama de manhã cedo e tenham o problema de quem é que faz o café...