Wednesday, November 09, 2005

Confessions of a dangerous mind

Bom, na realidade, o texto deveria chamar-se "confissões sinceras de um míope", mas assim fica mais giro. É mais fashion, tem um ar assim para o sorrateiro, escuro e, pois é, confesso, perigoso, mesmo. Se o título for dito com a entoação e o olhar certo, num encontro frente-a-frente, quase que se podem sentir a jogar um jogo mental do "gato e do rato", em que vocês são a presa face a um gato muito manhoso e matreiro. "Olá. Vem ter comigo. Estou aqui à tua espera para te apanhar e comer. "

Mas não é disso que se trata. Não é mesmo nada disso! Tem a ver com miopia - e em que o míope está mesmo muito longe de se sentir um predador sorridente.

Sejamos sinceros. Ser míope nunca me fez confusão. Para já, não tenho problema absolutamente nenhum em usar óculos e, depois, como ainda por cima tenho uma graduação baixa (apenas 2,5 dioptrias, conheço gente que, com esta graduação conduz sem óculos - o que deve ser excitante e divertido, porque deve dar origem a situações "Hei! Que sombra escura é aquela na estrada? Ah! É só mais um camião a 150km/h a vir na minha direcção.") nunca me fez confusão por aí além. Excepto, numa situação. Pois, é daí que vem a "confissão sincera de um míope".

Expliquemo-nos bem. Há uma situação em concreto, bem privada e pessoal, intíma até, em que ser míope é uma clara chatice. Em que pode conduzir ao embaraço. Que pode ser terrivelmente envergonhante...

Vocês não calculam como é difícil fazer a barba sem óculos. Todas as manhãs, ali estou eu, com a Gillette na mão direita, espuma de barbear na cara, a olhar para o espelho e a ver reflectida uma cara de Pai Natal (sem o saco vermelho cheio de brinquedos ao ombro, mas mesmo assim...), e a esforçar-se para garantir que consegue realmente passar a lâmina (na realidade, são 3 ao mesmo tempo, aguardo ansiosamente para que lancem um novo modelo com 5, e depois com 20 lâminas) em toda a barba, um número suficiente de vezes. Porque aí é que está a questão! Muitas vezes, só com uma passagem, a barba não fica bem feita! É preciso mais uma, ou duas. E, se na primeira passagem é fácil, porque a espuma branca diz-nos exactamente onde é que é preciso passar a lâmina, nas seguintes, é preciso percebermos onde é que a barba ficou mal feita. E aí começa o drama do míope. Porque nós não vemos bem! E então, aí estou eu, com a cara em cima do espelho, a tentar perceber se aquela zona escura na cara é apenas uma sombra da luz ou se, maldição, é ainda barba mal feita! E é um trabalhão dramático, acreditem!!!


P.S- E sem garantias de sucesso, como aquele bocado de barba de 2 dias que eu tinha ontem ao pé do queixo demonstra...