Não sei se já repararam, mas a qualidade de pensamento e raciocínio da maioria dos jornais mundiais foi posta à prova - pela Apple! Como? Pelo recente anúncio de que a Apple vai comercializar um iPhone "low cost" que custará apenas 99 dólares. Uau! Espectáculo, dizemos todos nós, olhando os inúmeros títulos jornalísticos, que ressalvam o excelente anúncio e oportunidade para todo e qualquer cidadão poder adquirir acesso a um dos melhores telemóveis no mercado.
Mas, na realidade, estão errados. O iPhone low cost não custa apenas 99 dólares, e todos estes anúncio apenas ressalvam a qualidade do jornalismo que é feito actualmente - superficial e com um mínimo (muito mínimo de pesquisa). O verdadeiro preço deste iPhone é de 549 dólares, se pago a pronto, nos Estados Unidos.
O preço do chamado iPhone low cost (o 5c) não são apenas os 99 dólares. O preço de 99 dólares implica uma fidelização a um operador de telecomunicações por um determinado período. Na realidade, o preço de 99 dólares, é uma entrada para um empréstimo (o telefone), em que depois vão ainda ser pagas prestações mensais - isto, para explicar de uma forma o mais simples possível. Ou seja, o custo vai ser de 99 dólares, mais os montantes mensais, que incluem um valor de comunicações e a amortização do equipamento - e, acreditem, a soma de tudo isto será bem superior a 549 dólares (nem preciso de olhar para valores do pacote de fidelização para o saber). E daí vem a minha sensação de vergonha alheia (só potenciada por aqueles que em Portugal ainda se deram ao trabalho de fazer a conta de conversão entre dólares e euros e anunciam que este telefone vai custar cerca de €75, esquecendo-se que a Apple nunca faz a conversão dólares / euros) - é que isto é algo que todo o comum mortal que já tenha comprado um telefone com pacote de dados sabe! Isto é básico!
Tudo isto é como dizer que um automóvel ou um carro custam apenas a sua entrada inicial. Ou que um contrato de patrocínio de um festival de música é apenas feito por caridade e não para efeitos publicitários. Ou que uma ajuda humanitária a um país desfavorecido é feita sem contrapartidas para o "benfeitor", que não impliquem contratos de construção, manutenção, aquisição de bens e serviços.
Mas, no fundo, todo este sururu fez-me lembrar apenas um vídeo brilhante!
http://aspequenascoisasnuncameincomodaram.blogspot.co.uk/2008/08/league-of-evil.html