O resto do Mundo está isolado
Os portugueses estão obrigatoriamente fechados no seu pais, com o melhor vinho, comida e homens / mulheres do Mundo. Podia ser claramente pior.
Os portugueses estão obrigatoriamente fechados no seu pais, com o melhor vinho, comida e homens / mulheres do Mundo. Podia ser claramente pior.
Olhando para o número de super-heróis de Metropolis e Gotham City, e extrapolando para o número de habitantes de Lisboa, quantos super-heróis deveríamos ter? Ou melhor, quantos temos, ainda escondidos, e sem revelar as suas identidades secretas?
20h. Hoje já fui consultor, director de marketing, motorista, cozinheiro, pai, marido, criança, mauzão, gigante mauzão, morcego mauzão, técnico informático, camareiro, cavalinho. E, agora, a minha mãe manda-me "um vídeo muito giro sobre flores, para ajudar a passar o tempo no confinamento".
Hoje é um dia histórico. O dia em que, graças ao encerramento do ensino online, se conseguiu controlar uma pandemia.
Em 1964, a Pepsi deu início ao seu novo slogan "Come alive! You're in the Pepsi generation", numa tentativa de reavivar a marca. No entanto, na China, prometeram reavivar algo mais. Uma tradução falhada (provavelmente, uma das piores de sempre) resultou no slogan chinês "Pepsi traz os teus ancestrais de volta da campa". O que, digamos, talvez fosse próximo da publicidade enganosa e de mau tom.
Adoro o modelo de negócio dos produtores de kimchi: compras kimchi; abres a embalagem e comes uma parte; guardas o restante na embalagem no frigorífico; passadas 6 horas, o teu frigorífico cheira tão mal que tens que comer todo o kimchi que tinha sobrado; e, depois, não tens kimchi, por isso, tens que ir comprar mais. Um modelo de negócio próximo da perfeição.
- "A eles! A eles! Vamos a eles que são uns hereges"
A turba conturbada ululava de uma forma primária, brandindo foices, paus e iPhones, enquanto apontava para meia dúzia de pessoas, encolhidas, que carregavam alguns envergonhados embrulhos pela rua.
- "Isto é lá altura para presentes! Agora não! Presentes foram há 15 dias! Hereges! Hoje come-se é bolo-rei!"
Procurei, qual repórter televisivo que sou, perceber o que se passava, enquanto o cameraman continuava a rolar. Seleccionei, entre a multidão primária, um que me parecia mais estruturado, quiçá, mais racional.
- "Bom dia! Como está? Olhe é para a televisão. Posso perguntar-lhe o que se passa aqui?"
- "O que se passa aqui? Então mas você não é português e cristão? Não sabe o que se passa aqui?"
- "Sabe, gostava que os espectadores lá em casa ouvissem pela voz de quem anda na rua..." respondi aflito
- "Ah bom! O que se passa é que estes hereges de uma figa vão levar na tola! A isso vão! Belzebus!!!"
- "E porque vão eles, então, levar na tola, aqui, na Rua Nova do Almada?"
- "Porque são uns hereges! Onde já se viu! A oferecer presentes no Dia dos Reis! Os presentes são para se oferecer no Natal! É o Pai Natal que os traz! Toda a gente sabe que é o Pai Natal que traz os presentes!!!"
- "Vamos a eles pessoal, que o Benfica está quase a começar!!!" gritou outra voz, e a multidão em uníssono avançou sobre as suas vítimas
É aquele que é sempre convidado pelas televisões para entrevistar políticos e:
- Ao Marcelo Rebelo de Sousa pergunta pelo escândalo BPN;
- Ao Carlos Carvalhas pede comentários políticos sobre a Administração Trump e o Presidente Bolsonaro;
- Pergunta sobre cavalos ao líder do CDS, seja ele quem for;
- Pede opiniões sobre ténis ao Luis Figo;
- Qual o melhor restaurante de arroz de cabidela ao líder do PAN (e água - não resisti);
- Faz uma pergunta de micro-economia ao Francisco Louçã;
- Pede bilhetes ao Rui Rio para ir ver o FCP;
- Pergunta pormenores, detalhes e datas a qualquer plano que o António Costa apresente.